Monitorização ecológica dos Trilhos Pedestres da Rota Vicentina (parte 1)
3 minutos de leituraPara que serve um estudo de monitorização?
Grande parte dos trilhos pedestres da Rota Vicentina (RV) desenvolvem-se no Sítio Costa Sudoeste da Rede Natura 2000 e no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, pelo que a conservação da natureza foi uma preocupação muito presente para os promotores do projeto.
Por outro lado, a natureza e a paisagem são elementos essenciais para o sucesso da Rota Vicentina e, de forma geral, para a sustentabilidade económica do turismo no sudoeste de Portugal. Assim, antes do início do projeto, os responsáveis da RV preocuparam-se em perceber que impactes ecológicos poderiam ter os trilhos de caminhada e como poderiam evitar ou minimizar os impactes negativos.
Começou-se por realizar um estudo de incidências ambientais, em 2013, antes da abertura dos trilhos. Tratou-se do “ano zero” da monitorização. O que se estudou nesse momento inicial do projeto?
- Fez-se uma pesquisa acerca de impactes ecológicos de outras rotas pedestres, um pouco por todo o mundo. Embora em Portugal não seja comum monitorizar esses impactes, há países com muitos resultados já produzidos e que têm até uma área de investigação dentro da Ecologia designada Ecologia da Recreação
- Fez-se uma listagem e caracterização de todos os impactes das rotas pedestres descritos na bibliografia científica, tanto ao nível da paisagem, como do solo, da vegetação e da fauna. Fez-se depois um trabalho de adaptação à realidade específica deste território, resultando num conjunto de impactes negativos e positivos previsíveis para os trilhos de caminhada da Rota Vicentina.
- Identificaram-se os locais atravessados pelos trilhos e que seriam mais suscetíveis de terem impactes ecológicos negativos, nomeadamente a zona litoral, em ambiente dunar, muito sensível à perturbação antropogénica.
- Desenvolveu-se e aplicou-se um conjunto de indicadores que permitem ir medindo esses impactes. Por exemplo, se um impacte previsível é um alargamento dos trilhos, mede-se a largura dos trilhos no ano zero e repete-se essa medição em anos subsequentes.
Entretanto foi realizado um primeiro estudo de monitorização em 2017 (disponível no site da Rota Vicentina), quatro anos após o início do projeto, e repetiu-se no ano 2023, decorridos 10 anos de funcionamento dos trilhos.
Paula Canha, bióloga, mestre em Biologia da Conservação, professora na Escola Secundária de Odemira. Vive no concelho de Odemira desde 1987. Os seus principais interesses são o conhecimento, divulgação e preservação dos valores naturais do sudoeste de Portugal. Participou em numerosos estudos ambientais, trabalhos de monitorização ecológica e cartografia de valores naturais. Colabora, entre outros […]