Ou uma história da aventura para retratar a economia de consumo local
Espantei gaivotas no porto de Sines, lavei um monte de louça na casa do Balz, levantei-me às 5h da manhã para o nascer do sol, apanhei um par de meias deixadas para trás, agarrei no Danilo para não cair falésia abaixo, liguei a meio mundo para encontrar um casal sénior que quisesse fazer de figurantes, ouvi vezes sem conta a Leonor dizer “É preciso é que o povo se una!”, enchi as sandálias de terra e lama nas hortinhas de Raposeira, risquei o carro todo no matagal de Troviscais, chateei tanto o Manel porque a linha dos desenhos não era fina o suficiente, apanhei um escaldão na cara em S. Luís, atascámos o carro a caminho da casa da Mariana…
Assegurar a produção do novo vídeo promocional da Rota Vicentina foi tão divertido!
Quisemos que o vídeo promocional “A paisagem que escolhemos” fosse também de sensibilização. Estando já envolvidos na estreita ligação que existe entre os produtos locais e a sustentabilidade de uma região, quisemos que este vídeo simplificasse a mensagem e demonstrasse que afinal de contas, é bastante óbvio: a paisagem que tanto prezamos depende também das escolhas de consumo que fazemos, quer dos residentes ao longo do ano, quer dos turistas no período em que nos visitam.
Por isso, procurámos evidenciar estas cadeias de consumo: desde a seara até ao pão, passando pelo moinho e o forno… desde o mar até à caldeirada de peixe, passando pelos pescadores e chefe de cozinha… Etc, já se percebeu a ideia!
Foram 18 meses de filmagens, em que quisemos também marcar as estações do ano e os ciclos de produção. São Pedro trocou-nos as voltas e chegámos a filmar um sol de queimar em janeiro, o céu cinzento que tapa o mar em pleno mês de julho, ou ainda a terra já seca em março.
Porque a região abrangida pela Rota Vicentina é grande e diversa, fomos a todo lado! Filmamos ovelhas que pastam com vista para o oceano em Vila do Bispo, as bancadas do mercado em Lagos, um maravilhoso pequeno almoço em Aljezur, os meandros do Rio Mira em Odemira, a chegada do peixe em Sines, a cozedura do pão em Santiago do Cacém… Ficámos na costa com o pescador Vasco, fomos debaixo dos sobreiros a serem descortiçados pelo Guilherme, passeamos junto ao rio com o Jorge e o Santiago, vimos o nascer do sol ao pé de moinhos de vento…
O resultado desta aventura já está online, enfim! Começou a 18 de novembro de 2021, no Pego das Pias, terminou a 28 de janeiro de 2023 em Sines, e está finalmente a viajar pelo mundo fora.
Quero agradecer pessoalmente a todos os que se envolveram e deram apoio de alguma forma, e destacar no meio de todas estas boas vontades os colegas da equipa, com quem se pode sempre contar.
Nasceu em Montpellier, no sul de França, em 1982. Em 2005, muda radicalmente de vida e instala-se no Alentejo. Na Rota Vicentina, faz a gestão do projecto ID, com o intuito de aproximar cada vez mais o setor do turismo e a comunidade local. Gosta de costura, leitura mas também de atividades ao ar livre!