Medir a Pegada de Carbono: Projeto Pegada + Sustentável

8 minutos de leitura

Rota Vicentina dá mais um passo na promoção do turismo responsável

A Rota Vicentina é muitas coisas e é também uma rede de empresas que se inspiram, apoiam e desafiam para encontrarem, passo a passo e em conjunto, um melhor turismo para o futuro da nossa região

Desta vez, foi o Salema Eco Camp que nos desafiou com uma proposta de partilha do seu sistema interno de contabilização da pegada de carbono para empresas de alojamentos associadas, preferencialmente nossas parceiras. Este modelo resulta de um investimento que tem vindo a ser feito pela empresa ao longo dos últimos quatro anos.

Intitulado “Pegada + Sustentável”, este projeto vai proporcionar a cinco empresas da Rota Vicentina que se candidatem, o cálculo da sua pegada de carbono de 2024, através de um serviço de consultoria de valor simbólico.

Esse serviço de consultoria contemplará o cálculo de CO2 equivalente, de acordo com o protocolo de Gases com Efeitos de Estufa (GEE), e a produção de um relatório com as conclusões do estudo.

Pessoas numa reuniao dentro de uma sala

A supervisionar este trabalho estará a associação ZERO, uma entidade com forte credibilidade a nível nacional que subscreve a iniciativa pela sua coerência, relevância e transparência.

A Rota Vicentina apoia este projeto com a definição do itinerário e divulgação da iniciativa e das empresas envolvidas, dando a conhecer publicamente um projeto exemplar em termos de turismo responsável e as boas práticas dos seus promotores.

Empenhada na divulgação das boas práticas que contribuam para a construção de um modelo de desenvolvimento verdadeiramente sustentável, a Rota Vicentina quer dar a conhecer as ideias e os projetos que acrescentam responsabilidade ambiental e económica ao nosso território e vão ao encontro dos objetivos que nos inspiram.

Calcular a pegada de carbono

O tema do cálculo da pegada de carbono vale muito no mercado global, mas por vezes a melhor solução é trabalhar numa forma simples e honesta de fazer as contas para obtermos informação relevante sobre o impacto das nossas opções, sejam elas mais ou menos conscientes. Depois, é muito mais fácil tomar decisões e agir para realmente mudar para melhor, sabendo que não se pode mudar tudo de uma vez e que não há negócios sem impacto.

“Fazer a contagem dos gases com efeito de estufa (normalmente designado como cálculo de carbono ou pegada de carbono) de um projeto empresarial é muito importante para aferir os impactos da sua atividade e perceber quais as áreas de operação que mais contribuem para a pegada de carbono. Essas áreas que mais contribuem são aquelas cujas alterações na gestão, potencialmente, mais impactos positivos podem gerar nesta contabilidade”, adianta Ângela Ferreira do Salema Eco Camp.

Calcular a pegada de carbono de um empreendimento não é um fim em si, mas o princípio de um processo transformador que se integra “numa estratégia mais ampla de mitigação climática e sustentabilidade”, como lembra Ricardo Filipe da Associação ZERO.

Parabéns e obrigada ao Salema Eco Camp e ao espírito colaborativo deste grupo que são as empresas parceiras da Rota Vicentina!

pessoas a caminhar

👇🏻Lê em baixo três pequenas entrevistas 🎤

  • Marta Cabral, Rota Vicentina: “Importa-nos divulgar as boas práticas”

    1 – Sendo a Rota Vicentina uma organização tão ligada ao turismo sustentável, como recebe esta iniciativa? 

    Estamos entusiasmados, porque chegamos a um ponto em que conseguimos finalmente dar mais a empresas e comunidades, casos específicos que sentimos que trazem grande valor acrescentado à rede. Neste caso, foi uma iniciativa do Salema Eco Camp que apenas acolhemos e apoiamos, na articulação com as restantes empresas da rede. Importa-nos também muito divulgar boas práticas e casos inspiradores, isolados e de cooperação, que são sempre bem vindos, para nós e para quem nos acompanha. 

    2 – É para continuar?

    Sem dúvida, queremos que este exemplo seja seguido por outras empresas. Há muito conhecimento e inovação dentro desta rede e é na partilha, inspiração e apoio que queremos investir enquanto associação de base local que ambiciona modos mais responsáveis de promover o turismo.

  • Ângela Ferreira, Salema Eco Camp: “Compreender os impactos climáticos do setor”

    1 – Como nasceu este projeto?

    Este projeto nasceu da ideia de um dos sócios do Salema Eco Camp, Joaquim Lourenço, que preocupado com a ecologia, sustentabilidade e futuro económico do turismo na Rota Vicentina, desafiou-me a fazer o cálculo de carbono de cinco alojamentos associados da Rota para promover essa consciência dentro da Rota Vicentina. 

    Aceitei o desafio com prazer e dei-lhe o acrescento desta viagem ser feita a pé, porque a sustentabilidade faz parte da minha forma de viver e de estar neste planeta.

    2 – Que objetivos se propõe atingir?

    Um dos objetivos é medir as emissões de carbono associadas à atividade turística dos cinco empreendimentos para compreender os impactos climáticos do setor. Depois, assumir com a Rota Vicentina e Associados um compromisso com a sustentabilidade no presente e para o futuro sustentável na Rota. Por fim, este projeto tem como objetivo o alcance do turismo responsável, que neste âmbito se refere a dois temas: o empreendimento não deve apenas ficar com os resultados do cálculo, mas deve trabalhar para a redução das emissões na sua origem através da alteração de modelos de gestão e trabalhar no investimento em projetos de conservação, restauro da natureza ou de impacto climático.

  • Ricardo Filipe, Associação ZERO: “O cálculo de carbono deve ser encarado como um ponto de partida”

    1 – Como vê a ZERO o movimento de Cálculo de Carbono no mundo do turismo? 

    A ZERO reconhece a importância de medir as emissões de carbono associadas às atividades humanas, incluindo o turismo, como um passo essencial para compreender e reduzir os impactos climáticos do setor. No entanto, alertamos para a necessidade de abordar este tema com rigor e responsabilidade. O simples cálculo e compensação de emissões não pode ser encarado como um substituto para a redução efetiva das emissões na origem. 

    Atualmente, não existem compensações de carbono que simultaneamente removam efetivamente carbono da atmosfera e que sejam economicamente viáveis, pelo que as entidades turísticas que tentem enveredar por medidas de compensação com o intuito de obter o tão apetecível carimbo da “neutralidade carbónica” dificilmente não estarão a cair no erro de cometerem o chamado “greenwashing”.

    Mecanismos como os mercados voluntários de carbono apresentam fragilidades significativas, como a falta de garantias de remoções seguras e permanentes de carbono da atmosfera. No contexto do turismo, isso significa que esforços para calcular e compensar emissões precisam de ser acompanhados com compromissos reais e verificáveis para reduzir o impacto ambiental das operações, promovendo alternativas de transporte mais sustentáveis, eficiência energética, redução de resíduos e valorização de práticas que minimizem o uso de recursos naturais.

    A ZERO incentiva o setor do turismo a adotar medidas que priorizem a descarbonização em vez de depender exclusivamente de compensações que podem perpetuar práticas de alto impacto ambiental. O movimento de cálculo de carbono deve ser encarado como um ponto de partida para a transformação do setor, integrando-se numa estratégia mais ampla de mitigação climática e de sustentabilidade.

    2 – Qual foi o envolvimento neste projeto?

    O envolvimento da ZERO no projeto prende-se na validação, no acompanhamento e na revisão do cálculo da pegada carbónica dos cinco empreendimentos turísticos aderentes.

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Margarida Portugal

A Margarida é meia tripeira, meia alfacinha. É do Porto, mas viveu muitos anos em Lisboa. Vem do mundo do jornalismo, onde começou a carreira, tendo depois transitado para a área da comunicação institucional e assessoria de imprensa. Amante de palavras, gatos e filmes, tem vindo a descobrir no Alentejo um destino cheio de revelações.

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