Explorar, escutar, regenerar: a Rota Vicentina no ATWS 2025 na Patagónia Chilena

5 minutos de leitura

Voltar a escutar o mundo do turismo

Regressei aos encontros mundiais de Turismo de Aventura, o Adventure Travel World Summit da ATTA, depois do último em que participei, em 2019. No Chile, Patagónia, Puerto Natales.

Rota Vicentina no ATTA

Desafios e caminhos para um turismo com propósito

Foi importante voltar a ouvir e sentir como vai o turismo pelo mundo, sendo que este evento se dedica ao turismo “outdoor”, mas também a alguns tipos de turismo mais responsáveis, entre comunidades indígenas e cidades mais comprometidas com a sustentabilidade e a qualidade de vida de habitantes e visitantes.

Genericamente, não observei opiniões muito diferentes do que observei há vários anos atrás. As realidades mudaram, sobretudo por questões políticas, mas também por todo o abalo do paradigma socio-cultural e económico que estamos a viver. Fala-se menos em sustentabilidade, porque se assume que ela vai estando integrada nas práticas das empresas, mas claro que o turismo em si tem impactos negativos incontornáveis – desde logo o de longo curso, que por outro lado é tão importante para algumas comunidades mais isoladas.

A IA e o mundo do marketing digital está muito presente, e também o tema dos desafios locais e regionais. O turismo vai respondendo a necessidades que começam no momento do sonho, da pesquisa, da preparação da viagem. Se queremos inspirar as pessoas a viajarem melhor, há que jogar com as regras dos algoritmos e entender, com propósito, como podemos tornar a nossa proposta relevante e relacionável para as mais profundas motivações do nosso público. Estas, por sua vez são reflexos da sociedade em geral, cada vez mais mutante e, ao mesmo tempo, tão unida pelas redes e pela noção de globalização ao segundo.

Patagonia
ATTA

Partilhas e reflexões desde a Patagónia

Na sequência, destaco também o Workshop orientado para Destinos, em que apresentei a estratégia de desenvolvimento do Plano de Comunicação da Rota Vicentina para os próximos anos, a partir de um estudo muito aprofundado do significado de ser peregrino ou caminhante de longo curso. Estudamos as motivações arquetípicas mas também as mais actuais, e queremos motivar uma a um propósito de “viajar para regeneração pessoal”, que se baseie também na “regeneração do lugar e das suas diversas camadas”, tendo partilhado algumas estratégias mais específicas. Houve outras 2 apresentações, foram levantadas questões e em grupos debatemos os temas e possíveis respostas. Um dos temas circulava em torno da escolha entre abordagens de marketing mais abrangentes ou mais direccionadas, outro tema importante foi a questão da reputação do turismo junto da comunidade local. Muito interessante estar entre gestores de destinos (sendo que o papel da Rota Vicentina não é esse, mas de alguma forma acaba por ter uma acção relevante a esse nível), e perceber uma forte consciência das problemáticas, das dificuldades e das prioridades, apesar de tudo muito alinhadas entre todos.

O lugar que nos acolheu – a Patagónia Chilena – foi muito bem apresentado. Além de haver a possibilidade de adquirir uma “Pre-Summit Adventure” aos operadores locais, estava incluído na conferência um “Day of Adventure”. A paisagem insuperável, entre montanhas geladas, lagos e estepes, o clima ventoso revelador de um ambiente resiliente, a vida selvagem tão presente e fascinante, as estâncias a perder de vista e uma cultura enraizada naquele lugar, tudo é esmagador. Mas são sempre as pessoas quem me faz acreditar num mundo melhor e o que me inspira cada vez mais é a consciência de lugar, porque é aí que se revela a presença e é assim que se formam guardiões. De lugares, de valores, de futuro. Eu conheci alguns e rendi-me. “Quien se apura en la Patagonia pierde el tiempo”. O tempo e o espaço perdem os limites que trago de casa e a viagem transforma a minha percepção da vida, da história, da humanidade e do turismo. E eu quero fazer parte do lugar, com as suas regras, ditados, sabedoria. E sem essa sabedoria, não quero estar ali.

Painel

O futuro é regenerativo!

Que o turismo sirva para nos ampliar a consciência, cultivar a empatia, revelar a diversidade planetária e fazer sentir a comunhão do essencial. É esse o caminho do turismo regenerativo ou, se preferirem, do turismo do futuro.

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Marta Cabral

Presidiu à Associação Rota Vicentina durante 12 anos e hoje assume as Relações Estratégicas e Inovação, que é o mesmo que dizer, foco na cooperação e na criatividade.  

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