Uma nova Direção para o mandato 2025-2028

8 minutos de leitura

Programa intitula-se "Pelo Futuro Sustentável do Turismo de Natureza no Sudoeste de Portugal"


Os Associados da Rota Vicentina elegeram, no passado dia 26 de maio, os novos Órgãos Sociais da Associação para o mandato 2025-2028, abrindo um novo ciclo na vida da organização. Foi eleita a lista “Pés na Terra”, única concorrente ao ato eleitoral. A tomada de posse do novo corpo diretivo decorre no dia 25 de junho 2025. 

Esta eleição dos novos Órgãos Sociais revestiu-se de particular relevância para a vida da Associação que teve Marta Cabral como presidente da Direção desde a sua fundação, em 2012.
Neste mandato, Marta Cabral troca a Presidência da Associação e a Direção Executiva para assumir funções no domínio das Relações Estratégicas e Inovação da Associação.

Na Mesa da Assembleia Geral só João Ministro (ProactiveTur), repete no lugar de relator. A Presidência fica a cargo de José Santos (ARPTA) e a Vice-presidência cabe a Luís Leote (Herdade do Touril), que foi vogal na anterior Direção.

A liderança da equipa diretiva fica assim nas mãos de Sara Serrão (Oficina da Escola e Vida na Vila), que integrou a anterior Direção na qualidade de vogal. A Vice-presidência é assegurada por Ricardo Gonzalez (Luxury on two wheels), que também transita da Direção anterior. 

Elementos da nova Direção em foto de família

O renovado elenco Diretivo tem Ana Pacheco (Casa da Seiceira), como 2ª Vice-presidente e secretária e Irene Nunes, sócia individual da Rota Vicentina, como 3ª Vice-presidente e secretária.

São ainda vogais da nova Direção Sofia Cabecinha (Porto das Barcas), Rudolfo Muller (Monte da Choça), Ricardo Estevão (Aventuractiva), Susana Cascalheira (Retromovement House) e Tiago Rodrigues (Táctica Ocasional).


A composição do Conselho Fiscal passa a contar com Luís Coelho (A2Z) na Presidência, Margarida Novais (Vicentina Hotel) na Vice-presidência e João Coutinho (Hike Time Portugal) como Relator.


As composições dos diversos Órgãos Sociais mantêm assim a sua diversidade, com representantes empresariais e individuais, do Alentejo e Algarve.
 

Um mundo em mudança

A nova Direção concorreu com um Programa Eleitoral intitulado Pelo Futuro Sustentável do Turismo de Natureza no Sudoeste de Portugal” onde defende que, para um mundo que mudou e está “a mudar aceleradamente, os desafios que hoje se colocam exigem novas respostas, maior proximidade com os associados e um plano claro para garantir a sustentabilidade ambiental, social e económica deste projecto colectivo”.

Discurso de Sara Serrão
Tomada de Posse dos novos Órgãos Sociais
25 de junho 2025

Minhas senhoras e meus senhores,

Hoje uma nova equipa assume a Direcção da Associação Rota Vicentina com respeito — por tudo o que a Rota Vicentina representa, por tudo o que já foi feito, e pelo caminho que agora temos pela frente.

Quero começar por prestar uma homenagem muito especial à Marta, que acumulou desde sempre a presidência da Direcção com a Direcção executiva — uma tarefa enorme levada a cabo por esta pessoa visionária, carismática e grande capacidade de trabalho, profundamente comprometida com o território, com a sua autenticidade e com a sustentabilidade da nossa região.

A sua liderança foi mais do que inspiradora: foi transformadora. Sob a sua orientação, a Rota Vicentina consolidou-se como um projeto de referência.

É uma honra para este grupo de pessoas suceder-lhe, e é também uma grande responsabilidade.

Um agradecimento enorme também à equipa, que faz este projecto avançar, com a qualidade que todos reconhecem.

Um agradecimento aos parceiros que confiam e apostam na Rota Vicentina, com uma menção especial ao município de Odemira e as Regiões de Turismo do Alentejo e Algarve.

E, claro, um agradecimento aos associados, cujo trabalho em rede permitiu que esta região não tenha apenas uma infraestrutura de percursos pedestres, mas também toda uma oferta articulada de serviços, que fazem da região um destino de Turismo de Natureza.

Assumimos a Direcção num tempo de desafios.

Vivemos um momento que, por um lado, nos enche de orgulho: nunca a nossa região foi tão procurada pelos que aqui vêm em busca de autenticidade, paisagem e natureza.

Mas é também um momento que exige de nós lucidez.

Estamos a assistir a uma crescente pressão turística: muitos dos visitantes chegam com as melhores intenções — mas sem consciência dos impactos que a sua presença pode ter sobre os ecossistemas, as comunidades locais e o equilíbrio frágil que sustenta tudo isto.

A paisagem que amamos, a natureza, as comunidades não são recursos inesgotáveis.

A sustentabilidade — esse conceito que tantas vezes repetimos — tem de ser a prática que orienta as nossas decisões e, na verdade, já não é suficiente. Estamos hoje num ponto em que precisamos não só de preservar, mas de regenerar.

Regenerar ecossistemas, paisagem, vilas, aldeias, tradições e modos de fazer. Regenerar até a forma de nos relacionarmos com tudo isto e entre nós.

Precisamos de perguntar:

Que tipo de turismo queremos?

Como podemos acolher visitantes de forma verdadeiramente responsável, que não descaracterize o território, mas que, mais ainda, o melhore?

Ou seja: além de oportunidades de trabalho, investimentos e fixação de população, como pode o Turismo acrescentar qualidade de vida?

Nada disto faz sentido se os que aqui vivem não forem beneficiados. Foi a Marta que um dia disse uma frase que ficou sempre na minha cabeça: “Se é bom para viver, é bom para visitar”. Tenho repetido essa frase inúmeras vezes, até porque a falta de qualidade de vida acaba por prejudicar o próprio Turismo e um exemplo disso é a dificuldade, também aqui, de acesso a habitação a preços que as pessoas podem pagar, para cá viver e trabalhar.

A nova Direcção vê nesta associação um enorme potencial: porque aqui se junta conhecimento técnico e institucional com sabedoria prática; aqui se encontra o empreendedorismo de quem investe no turismo com a consciência de quem protege o ambiente e a cultura local.

E se os desafios locais já são complexos, não podemos ignorar o que se passa lá fora. O mundo atravessa um tempo conturbado e isso tem impacto por todo o lado.

A instabilidade global afecta fluxos turísticos, políticas públicas e prioridades de investimento, a perceção que os visitantes têm sobre segurança e sobre ética.

Afecta também a vida de quem vive nesta região e vê os preços subir, os serviços pressionados, e por vezes a cultura ameaçada por uma homogeneização global.

Neste contexto, a Rota Vicentina tem que ser um farol de coerência. Temos de mostrar que é possível crescer sem destruir, atrair sem descaracterizar, inovar sem esquecer quem somos.

Permitam-me, então, partilhar algumas das prioridades que propomos para este novo ciclo:

– Equilíbrio e Sustentabilidade dos Trilhos – Mitigar a pressão sobre a costa e valorizar o interior como destino turístico

– Melhoria da Experiência do Visitante – Incentivar experiências mais ricas do que a “caminhada pura e dura”

– Manutenção e inovação na Rede de Trilhos

– Redução da Sazonalidade

– Maior Proximidade com os Associados

– Desenvolvimento de uma Estratégia Comercial Activa e Reforço da Sustentabilidade Financeira

– Preservação dos Valores da ARV e Sustentabilidade do Território

– Governança sustentável e profissionalização; representação e articulação institucional; inovação e estratégia.
Aproveito este último ponto para dar aqui duas notas: de que a Rota Vicentina funcionará a partir daqui com uma coordenação tripartida (em vez de uma Direcção executiva concentrada numa única pessoa): David, Delphine e Marta, apoiados pela equipa por um lado, e pela Direcção por outro lado.

E relembro que daqui a um ano esta presidente e este vice-presidente, que transitaram da Direcção anterior e estão cá para garantir uma transição completa na governança deste projecto, passarão o testemunho às vice-presidentes.

Amigas e amigos,

Assumimos a Direcção da Associação Rota Vicentina sem respostas simples, mas com sentido de missão, vontade de aprender, dialogar e agir.

Acreditando na força das redes, na riqueza dos processos colaborativos, na resiliência deste território e num bem maior que nos une: o amor por esta terra, pela sua cultura e pelo seu futuro.

Convido-vos a fazer este caminho connosco.

Obrigada.

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Margarida Portugal

A Margarida é meia tripeira, meia alfacinha. É do Porto, mas viveu muitos anos em Lisboa. Vem do mundo do jornalismo, onde começou a carreira, tendo depois transitado para a área da comunicação institucional e assessoria de imprensa. Amante de palavras, gatos e filmes, tem vindo a descobrir no Alentejo um destino cheio de revelações.

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