A Rota Vicentina está no iNaturalist! E tu, também queres ser um cidadão-cientista?
Quando pensamos em investigação científica, seja em que área for, associamo-la sempre a especialistas na matéria! Cientistas que durante anos estudaram e aperfeiçoaram os seus conhecimentos com experiência numa determinada área. Mas será que a ciência é exclusiva para profissionais?
A ciência-cidadã é um termo relativamente recente mas com uma popularidade em crescendo. O nome acaba por ser autoexplicativo! Respondendo à pergunta anterior: não, a ciência não tem de ser exclusiva para os profissionais. Até determinado nível, pode contar com a colaboração de todos!
A ciência-cidadã é praticada por cidadãos comuns, sem pré-requisitos de experiência, é inclusiva e democrática. O melhor de tudo é que permite a interação com especialistas na matéria.
Qualquer um de nós, desde que tenha interesse, pode contribuir para a investigação científica. Seja pela recolha de dados, pela experimentação, ou até pelo levantar de questões e dúvidas que urgem ser respondidas!
iNaturalist: uma plataforma para a ciência-cidadã
Existem várias formas de o fazer, uma fácil e prática de contribuir para a ciência, enquanto cidadão, é através da plataforma iNaturalist. O que é isso?
iNaturalist é um projecto cujo objectivo é mapear a biodiversidade em todo o planeta! Nesta plataforma é possível registar espécies de animais, plantas ou fungos bem como a respectiva localização geográfica.
Estes registos são feitos por observadores que podem ser especialistas nas áreas da botânica ou biologia, amadores assíduos e entusiastas destas áreas ou até público geral com participações casuais.
Todos os dados são confirmados por especialistas dentro dessa comunidade digital, garantindo a credibilidade e assertividade dos resultados de investigação que daí poderão ser aproveitados.
Esta plataforma é internacional, por isso, para o caso concreto de Portugal, poderá aceder à respectiva rede, ou sub-rede, criada pela Associação Biodiversity4All e cujo nome é homónimo da organização.
Todos os países, e respectivas organizações podem criar a sua rede local de observações, isto permite uma gestão, recolha de dados e georreferenciação mais eficientes e adaptadas à realidade de cada local.
Querem fazer parte desta comunidade de cientistas-cidadãos?
Se têm interesse, querem apoiar esta comunidade e têm curiosidade em descobrir as espécies de plantas ou animais que encontram à vossavolta, podem fazê-lo de uma forma muito simples:
- O primeiro passo é criar uma conta na plataforma iNaturalist.
- Não se esqueçam de aderir à rede Portuguesa Biodiversity4All!
- Com a conta criada, podem procurar pelo projecto “Flora das Áreas-piloto da Rota Vicentina”.
- Também podem procurar por outros projectos. Deixamos algumas sugestões:
- Invasoras.pt
- Flora-On
- Charcos com vida
- Polinizadores de Portugal
- Invertebrados da Lista Vermelha Procuram-se!
- E agora é ir para o campo, observar e fotografar o que encontrarem!
Mas atenção! Até mesmo em plataformas digitais existem algumas normas de conduta, e boas práticas, que devem ser respeitadas.
Deixamos algumas dicas e boas práticas:
- Tire fotografias de várias perspectivas (gerais e de pormenor). Isto permite que a comunidade o possa ajudar mais facilmente na identificação correcta da espécie;
- Se encontrar alguma espécie rara ou ameaçada, não a remova do local. Registe mas não partilhe localização exacta destas espécies;
- Aceite o desafio de encontrar o maior número de espécies, de subir nas tabelas de classificação de observadores e identificadores, mas não se esqueça que é fundamental o registo de dados fiáveis e credíveis.
- Se não tiver certeza da espécie, selecione uma categoria generalista. A comunidade irá apoiar e sugerir possíveis espécies. Também poderá contactar por mensagem e colocar as suas questões a quem lhe fizer sugestões de espécies.
- Através deste link é possível encontrar mais algumas directrizes para uma utilização eticamente correcta desta plataforma.
Porque é que na Rota Vicentina, estamos a falar de ciência-cidadã?
É dentro desta plataforma – o iNaturalist – que a Rota Vicentina decidiu dar o seu pequeno contributo, criando um utilizador para registar as espécies que avistamos nos Trilhos Pedestres.
Tendo também em conta o objetivo de mapeamento e preservação das espécies ameaçadas desenvolvemos também o projeto de ciência-cidadã Flora das Áreas-Piloto da Rota Vicentina nesta plataforma. Qualquer pessoa interessada pode contribuir para este projeto e ajudar-nos a mapear a biodiversidade destas áreas prioritárias para a conservação!
Dos vários projetos nos quais nos podemos associar em Portugal, que aproveitem os benefícios ou estejam assentes em ciência-cidadã, destacamos o projeto INVASORAS.PT.
No projeto INVASORAS.PT, que para quem nos acompanha não será novidade, além de participarmos nos eventos de Semana sobre Espécies Invasoras, desde 2019 que registámos avistamentos de espécies de plantas invasoras no projecto iNaturalist das Invasoras.pt. Neste projecto, qualquer pessoa que identifique uma potencial planta invasora, pode confrontar com fotografias e outras descrições fornecidas, para corretamente registá-la. Depois de enviados os dados, eles são confirmados pelos especialistas da equipa INVASORAS.PT, para garantir que os avistamentos estão certos.
Até agora, foram registadas 168 espécies ao longo dos Trilhos Pedestres da Rota Vicentina, e no projeto Flora das Áreas-Piloto da Rota Vicentina, vários observadores já assinalaram 114 espécies. No entanto, há ainda muitas mais por descobrir!
Esta é mais uma maneira que encontramos para contribuir para a recolha de dados no território, ajudando a conhecê-lo de várias formas!
Arquitecta Paisagista de formação, sempre esteve ligada à Natureza. Leonor adora plantas, música, artesanato, desenhar e caminhar ao ar livre. O Alentejo é a sua casa.