Em Novembro estivemos presentes no encontro anual da ERA (Associação Europeia de Caminhada) nas Aldeias Históricas de Portugal.


Há minutos debatia-se no grupo de WhatsApp da Rota Vicentina a importância de ter alguns encontros presenciais e, em contraponto, a importância de os manter híbridos permitindo a quem está longe participar, ainda que de forma limitada.
Há anos que tento estreitar relações com algumas redes colaborativas em Portugal, mas a verdade é que, para nós e para eles, o tempo nunca chega. Nem sequer para uma reunião por Zoom.
Mas o tempo multiplica-se infinitamente quando tem qualidade, e quanto a isto, dificilmente me convencerão do contrário.


As Aldeias Históricas de Portugal receberam por estes dias o 5º encontro Leading Quality Trails – Best of Europe.
Trata-se de uma certificação de qualidade atribuída pela principal entidade reguladora do mundo dos trilhos na Europa, a ERA (European Rambles Association). Não por acaso, a gestão desta certificação é feita em parceria com a federação alemã, e em Portugal apenas duas rotas estão certificação, precisamente o Caminho Histórico da Rota Vicentina (GR11) e, desde há poucos dias oficialmente, a GR22 das Aldeias Históricas.

Motivos não faltavam, por isso, participei deste encontro com a minha colega Irene Nunes, responsável pelos Trilhos Pedestres e Voluntariado da Rota Vicentina. É verdade que na semana anterior percebi que estava com várias pendências e prazos muito curtos, mas o compromisso estava assumido e fomos.


O programa era exigente e apertado, saltitava entre as aldeias, os trilhos e a marca LQT. O resultado foi uma inspiração sem tamanho. A região é magnífica, eu conheço mal e fiquei ansiosa por conhecer melhor, com tempo e muita calma.
Tudo me fascina, especialmente nesta altura do ano, as cores, o musgo, a serra, as florestas, as aldeias de pedra, os castelos, os muros nos campos, a flora tão diferente do que estou habituada e também a fauna.




Vimos um grupo de grifos pousados numa rocha no topo de um monte, tão grandes e imponentes que foi difícil acreditar que não se tratava de uma escultura. Lindos, majestosos, os leões dos ares.
Enfim, as aldeias são mais bonitas do que é possível conceber, tudo cuidado com tanta sensibilidade, bom gosto, sentido de responsabilidade. E os trilhos! Caminhamos pouco, mas o que fizemos foi suficiente para querer voltar e caminhar mais!



Para os meus colegas do Centro de Portugal: já sei que nem tudo são rosas, claro que não pretendo fazer aqui nenhum retrato real, apenas uma impressão de poucos dias.
O que me importa é sentir o potencial, perceber que há mais um pedaço de terra neste nosso país que pode ser infinitamente deslumbrante, se tivermos a capacidade de o gerir com todas a pressões que chegarão, ou talvez já tenham chegado.
Foi bom partilhar tantos momentos com os colegas europeus à boa maneira beirã, à mesa e com um copo de vinho. Acima de tudo, foi mesmo bom sentir o calor humano, o orgulho de quem recebe tão bem. À Dalila, ao Duarte, ao Mário e a toda a equipa, um obrigada do tamanho da grandiosidade das Aldeias Históricas e do bem receber das Beiras. Espero voltar em breve para conhecer um pouco mais!


E sim, há momentos para desligar os ecrãs e estarmos juntos. A vida e o trabalho fazem-se com pessoas e não as sentir, depois de vários momentos nos chats ou no Zoom, é o princípio do fim da capacidade humana de empatizar.
Precisamos de abraços, risos, histórias paralelas e emoções partilhadas. Se trabalhar com redes colaborativas e turismo não nos trouxer isso, então não vejo bem para onde caminhamos.
Nasceu em Lisboa no ano de 1975. Na Associação Rota Vicentina assume o papel de Presidente da Direcção. Nos tempos livres, gosta de caminhar, andar de bicicleta, ler, yoga, silêncio e festas!