Inspiração e pragmatismo, ou o maravilhoso mundo Rota Vicentina.
É um privilégio fazer parte, um sonho tornado realidade, não escondo, e, quanto mais me envolvo neste projecto, mais certezas tenho de que a Rota Vicentina (como diria uma amiga) “é um farol de esperança para a região”.
O workshop do passado dia 10/01 em São Luís, é um reflexo disso mesmo: a adesão dos associados, as suas partilhas profundas, honestas e construtivas, trabalho em equipa, sem esquecer a hospitalidade da Rafaela do Co.Re, e os óptimos petiscos da Nativa… a Rota Vicentina no seu melhor!
“A estratégia ID: resultados e desafios futuros”, foi ponto de partida para uma sessão de trabalho que nos fez a todos saber mais e pensar melhor, sobre a relevância da Identidade para o território. O que temos, o que desejamos, onde esbarramos e onde podemos atalhar caminho? Tudo isto num cruzamento perfeito entre inspiração e pragmatismo, orientados de perto pelo conhecimento científico da Universidade Nova de Lisboa, obrigada ao Pedro Clemente.
Juntámos operadores, alojamentos, empresas de actividades, restaurantes, agentes culturais e entidades de turismo, de maneira a podermos contar com uma visão representativa e abrangente. Este workshop, insere-se no estudo de monitorização do impacto socioeconómico da Rota Vicentina, mas neste dia discutiram-se sobretudo ideias, não números. Sempre com a estratégia ID em fundo, partimos dos 4 eixos que a compõem: Responsabilidade e Sustentabilidade, Cultura Local, Qualidade, Comunicação e Comércio.
Lançámos o desafio: quais as barreiras e oportunidades detectadas pelos grupos de participantes em cada uma das áreas, e, para terminar, que fossem apresentadas propostas de projectos de curto e médio prazo para cada um dos eixos.
Para deixar aqui um breve resumo, tentei encontrar os denominadores comuns, os aspectos mais transversais a todas as áreas, perdoem-me os participantes, se aqueles que vos são mais caros e importantes ficaram de fora mas não posso ir a todos!
Assim no campo das barreiras: a língua, muito presente, seja em quem presta serviço, seja no contacto com a comunidade. As distâncias e mobilidade, logística. A falta de mão de obra, de habitação. A degradação ambiental e o fluxo migratório. Uma qualidade de serviço pouco homogénea. Concorrência grandes superfícies versus micro-negócios, a certificação de produtos realmente locais… Alguns dos temas mais debatidos.
Mas não nos deixemos abalar, onde se detectam obstáculos também se encontram oportunidades, e estas ficaram identificadas: existe diversidade de paisagem e recursos. Um território incrível, todo o ano, explorável em várias camadas. Uma comunidade que pode e deve chamar a si o protagonismo, e turistas capazes de serem responsabilizados. Um potencial de crescimento na área da qualidade. Valorização de grupos e trabalho em rede. Apoios governamentais e viabilização de investimentos. Maior envolvimento de autarquias, freguesias e associações locais. E mais, muito mais…
Passámos então à prática e surgiram ideias para projectos de curto e longo prazo, como por exemplo: criar escolas de línguas para qualificação de mão de obra, definir e estabelecer processos colaborativos que permitam trabalhar em rede. Hortas Comunitárias! Uma feira mensal de produtos locais que seja itinerante, mapear o comércio e gerar intercâmbios intra-regionais. Ampliar o alcance da Semana ID. Criar um centro de visitação do Parque Natural, que seja porta de entrada no território, etc, etc, etc…
Foi intenso e produtivo. Um excelente contributo para o estudo de monitorização do impacto socioeconómico.
A Universidade Nova vai continuar no terreno a realizar recolha de dados entre os vários agentes económicos, desta manhã de trabalho em São Luís, saiu um belo néctar que vai agora a fermentar. Toda a informação será analisada e trabalhada pelos especialistas, em estreita colaboração com a Rota Vicentina. Será transformada, não em vinho ou medronho, mas em forma de relatório, a ser apresentado no seminário Semana ID!
Bom trabalho a todos e até já.
Nascida e criada em Lisboa, com o coração na Costa Alentejana. É para lá que “foge”, sempre que pode, ou faz falta. A Rita está a colaborar com a Rota Vicentina na área da comunicação e produção da Semana ID. Após 25 anos de jornalismo, decidiu mudar de rumo. Trabalha como freelancer e escreve livros […]