A transformação sistémica do mundo e a Semana ID
3 minutos de leituraEditorial de Janeiro
Há pouco mais de um ano, no fórum “A World for Travel” em Évora, o filósofo e futurista francês Marc Halévy dizia categoricamente: estamos hoje numa mudança de paradigma como as que a nossa sociedade vive a cada ciclo de 500 anos. O nosso sistema capitalista verte veneno por todas as rachas, mas a resistência à mudança sobrepõe-se a todas as evidências. A ciência já demonstrou mil vezes que o nosso estilo de vida é insustentável, mas a política não quer pagar esse preço e prefere procrastinar.
Qual o papel do turismo nesta mudança? Podemos dizer que o turismo pode estar para a sociedade actual como a fantasia está para a vida real. Da mesma forma que o modelo dos “retiros” explodiu pelo seu efeito “bolha de realidade”, o turismo tem o potencial de oferecer a experiência de um mundo melhor. “Experimente sentir a natureza, respirar em silêncio, comer o que vê ser colhido, caminhar por prazer, aprender um novo estilo de vida.” Por uns dias, algumas vezes por ano. Quem sabe o que pode acontecer? O que tem acontecido é mais do que óbvio. Cada vez mais pessoas querem estender o que sentem nas suas férias para o seu quotidiano. As cidades querem-se verdes, cicláveis, com hortas urbanas e bairros comunitários. O campo quer-se cultivado, diverso, com dinâmicas culturais nas aldeias e mercados de produtores.
E por muito que custe à indústria e a muitos de nós, não é necessariamente do outro lado do mundo que esse impacto se dá. Se o que procuramos é um estímulo à transformação, à nossa evolução como indivíduos, famílias, grupos, pode acontecer ao lado de casa se estivermos atentos e disponíveis.
Por aqui, em terras do sudoeste, preparamos mais uma Semana ID. Uma espécie de rainha das nossas fantasias. Um desafio para nós, para a comunidade residente, para os amantes da Costa Vicentina e para os curiosos sobre os novos modelos para o novo paradigma.
Não é um festival, não tem cabeças de cartaz, não transforma esta região em nada que ela não seja todo o ano. São 7 dias para visitar, pensar e celebrar o Sudoeste. Durante um ano, preparamos esta súmula de eventos e actividades. Desafiamos quem conhecemos a preparar o melhor para este caldeirão de relíquias. O melhor desta região, no que ao turismo diz respeito. Vamos testando, experimentando, inspirando e acreditando num mundo melhor, num turismo melhor.
Vêm daí? Marquem na agenda, que muito em breve divulgamos os detalhes da programação. Mas confiem: é um rico conjunto de pequenos e deliciosos momentos. Tal como a vida.
Nasceu em Lisboa no ano de 1975. Na Associação Rota Vicentina assume o papel de Presidente da Direcção. Nos tempos livres, gosta de caminhar, andar de bicicleta, ler, yoga, silêncio e festas!