O que andámos a fazer nas áreas-piloto?

7 minutos de leitura

Os resultados das intervenções de conservação da natureza na época 2022-2023

É verdade! Entre Setembro de 2022 e Junho de 2023, regressámos às áreas-piloto do projecto LIFE Volunteer Escapes – na zona dos Alteirinhos, na Zambujeira do Mar, e no Malhão, em Vila Nova de Milfontes.

Nesta temporada, voltámos bem acompanhados pelos voluntários que nos apoiaram no controlo das já conhecidas espécies invasoras – Acácia-de-Espigas e o Chorão-da-praia.

Grupos de voluntários numa ação de conservação

Para ser eficiente, a monitorização e o controlo de invasoras tem de ser um trabalho contínuo e persistente ao longo de vários anos, mesmo depois da vegetação autóctone voltar a dominar. Apesar de ainda estarmos longe dessa realidade, prosseguimos de passo a passo com esse objectivo.

Em cada actividade de conservação da natureza, sempre que possível, fizemos o mapeamento da área onde intervimos, a contagem do número de plantas removidas (ou metros quadrados) e o registo das técnicas aplicadas.

ÁREA-PILOTO DOS ZIMBRAIS DOS ALTEIRINHOS

A área-piloto dos Alteirinhos é bastante extensa: tem um total de 40 hectares dos quais cerca de 30% (12 hectares) estão densamente invadidos por acacial (sector vermelho na imagem).

Logo desde o início do projecto LIFE Volunteer Escapes, optámos por não intervir em 10 dos 40 hectares (sector a castanho na imagem), devido à existência de uma densidade de vegetação autóctone bastante satisfatória.

Assim, desde o início do projecto que concentrámos as atenções nos cerca de 20 hectares entre a linha de costa e a densa faixa de acacial (sector verde na imagem).

Esquema 1 - Os resultados das intervenções de conservação da natureza nas áreas-piloto na época 2022-2023

Nesta época, contamos com 4 intervenções na área-piloto dos Alteirinhos:

Além das técnicas de controlo mencionadas (arranque manual e descasque), introduzimos um novo método este ano, que poderá vir a fazer uma grande diferença na recuperação desta área a longo prazo!

Na acção de conservação de 13 de Maio, juntamente com a actividade de controlo de espécies invasoras, a bióloga Paula Canha dinamizou um workshop de galhas de Trichi (Trichilogaster acaciaelongifoliae), uma pequena vespa que ajuda no controlo de Acácia-de-espigas.

Na acção deste dia, com o apoio dos voluntários, introduzimos diversas galhas de Trichi em dois núcleos distintos e abundantes de Acácia-de-espigas. No total foram introduzidas cerca de 40 focos de galhas em zonas onde estas ainda não existiam, numa extensão de quase 200 metros. Estes novos focos foram instalados ao longo da principal frente de invasão (a faixa de acacial) e num grande núcleo denso de acácias junto da linha de costa, que avança rapidamente sobre este troço do Trilho dos Pescadores.

Nos próximos tempos, vamos continuar a acompanhar de perto para ver se esta pequena vespa se instalou e se começa a surtir efeitos no controlo dos núcleos de acácia-de-espigas.

ÁREA-PILOTO DOS CHARCOS DO MALHÃO

A área-piloto dos Charcos Temporários do Malhão é igualmente extensa mas, ao contrário da área-piloto dos Alteirinhos, os focos de intervenção encontram-se mais dispersos e fragmentados, porque coincidem com a presença dos referidos charcos.
Pela dificuldade de acesso a todos os charcos com grupos de voluntários, optámos por concentrar as actividades desta temporada junto do Centro Interpretativo dos Charcos Temporários do Malhão.

Nesta zona de intervenção a presença de Chorão-da-praia é dominante, rodeando e cobrindo estes habitats com os seus densos mantos. Pelo facto da presença de arbustos ou sub-arbustos ser muito escassa, ou quase inexistente, é muito fácil as plantas invasoras avançarem sem qualquer barreira.

No caso da Acácia-de-espigas, apesar de não dominar em termos de área, o seu porte, desenvolvimento rápido e capacidade de dispersão a maiores distâncias, obriga a uma atenção especial quando esta começa a entrar na área potencial de inundação do charco temporário.

Porquê? O charco temporário é um corpo de água de baixa profundidade (entre 20 e 50 cm) onde a luz solar consegue chegar em toda a coluna de água, factores fundamentais para a qualidade do habitat e do ciclo de vida das suas espécies características. Quando uma espécie invasora como a acácia entra neste ecossistema, não só consome a água que nele existe, como também ensombra esta lâmina de água, bloqueando o acesso destes preciosos recursos naturais às espécies de plantas e animais endémicos deste ecossistema extremamente sensível.

Nesta área-piloto, realizou-se um total de 3 intervenções nesta época:

Neste caso, os esforços foram sempre concentrados no centro e em torno dos charcos com o objectivo de libertar as zonas prioritárias do habitat das invasoras.Infelizmente este habitat encontra-se extremamente afectado pelas invasoras, mas também pelas alterações climáticas. Torna-se cada vez mais difícil perceber onde estão os anéis do charco porque, de ano para ano, há cada vez menos água presente. Na temporada 2022-2023, infelizmente não observamos a presença de água nestes locais.

A actividade de dia 10 de Junho, integrada no programa de actividades da FEI~TUR, contou com um participação mais robusta de voluntários e foi possível controlar uma mancha significativa de acácias de grande porte, algo que há algum tempo não se conseguia.

Podem espreitar os momentos que registámos destas actividades em 2022-2023:


Este e outros exemplos semelhantes demonstram, na prática, a importância e impacto positivo que os voluntários podem ter.
Por isso, queremos deixar um especial agradecimento a todos os voluntários que se juntaram a nós, nestas actividades de conservação da natureza e sensibilização ambiental!

Quantos mais formos, melhor conseguimos controlar o avanço destas espécies invasoras e a degradação dos ecossistemas naturais da nossa costa. Contamos convosco em futuras actividades de conservação da natureza.

Para já regressamos apenas com a caminhadas de manutenção, em breve será lançado o novo calendário de voluntariado. Fiquem atentos!

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Leonor Pires

Arquitecta Paisagista de formação, sempre esteve ligada à Natureza. Leonor adora plantas, música, artesanato, desenhar e caminhar ao ar livre. O Alentejo é a sua casa.

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