Um ano com a Rota Vicentina: um caminho de descoberta e transformação
4 minutos de leituraPara a Martina, voluntária de longa duração na nossa Associação, chegou o momento de fazer um balanço das suas memórias colecionadas nestes 12 meses no Sudoeste de Portugal
Parece que foi ontem que escrevi sobre os meus primeiros passos na Rota Vicentina. E, no entanto, aqui estou eu, um ano depois, a refletir sobre os mais de 230 quilómetros percorridos e vividos nesta magnífica região do Sudoeste português.
Estes meses de voluntariado foram uma experiência incrivelmente enriquecedora, que me transformaram em muitos sentidos. Gostaria de partilhar convosco, caros caminhantes, um resumo destes 12 meses: das paisagens que me acolheram, das pessoas que me inspiraram e das emoções que vivi nestes lugares. Durante este ano, tive o privilégio de observar a Rota Vicentina não só por diversos ângulos, mas também através de experiências únicas. Como muitos de vós, fiquei imediatamente fascinada pelas falésias à beira-mar e pela força selvagem destes cenários.


Provavelmente estão a perguntar-se se, com o tempo, a intensidade desses primeiros passos mudou. A resposta é sim, mudaram e de uma forma bastante profunda.
Se, inicialmente, os meus olhos se perdiam na vastidão das paisagens – as falésias, os campos dourados pontilhados de sobreiros, as casinhas brancas e azuis – hoje esses mesmos panoramas me contam uma história mais íntima. Agora, vejo as pessoas que vivem nestes lugares, uma comunidade acolhedora, empenhada em preservar e proteger o seu território.



Vejo os moinhos de vento que se erguem entre os campos de trigo, testemunhas de uma tradição que resiste ao tempo. Sinto o aroma dos medronheiros e conheço o seu sabor. Aprendi a apreciar a sombra de um sobreiro secular nos dias de sol primaveril e a reconhecer a hospitalidade silenciosa dos portugueses, presente nos gestos dos trabalhadores do campo. Fico encantada ao observar os pescadores que percorrem os trilhos com baldes cheios de iscas e de respeito pelo seu fiel companheiro, o oceano.
Esta é a experiência que vos convido a viver ao explorar os trilhos da Rota Vicentina: não caminhem apenas para acumular quilómetros ou para tirar uma boa fotografia, mas mergulhem verdadeiramente nestes lugares. Conversem com as pessoas que encontrarem pelo caminho, respeitem a natureza sob os vossos pés e reflitam sobre as histórias dos lugares onde ficam ou dos pratos que saboreiam.
Aqui, a autenticidade está em todo o lado, pois as pessoas vivem em harmonia com o seu território, preservando tradições e valores de outrora e alimentando uma comunidade que se apoia mutuamente.


Posso dizer que não houve um único momento em que não me tenha sentido em casa. Desde os primeiros dias, encontrei uma comunidade acolhedora e solidária, evidentes no festival JUNTES, que eu e Nina conseguimos organizar juntas, celebrando a arte e a diversidade do território.

Com este convite, encerro um capítulo de voluntariado que marcou uma transformação profunda. Fico contente por ter passado este ano com a Rota Vicentina, uma família que me acolheu de braços abertos, uma equipa que me ensinou a olhar para o turismo com novos olhos, cuidando de um território e imaginando um turismo sustentável, responsável e regenerativo.
Um agradecimento especial vai para o Corpo Europeu de Solidariedade, que torna possíveis essas experiências de crescimento para nós jovens.

Martina nasceu na Itália em 1998. Na sua jovem vida, já viveu em várias partes do mundo e, por agora, escolheu parar no encantador Sudoeste de Portugal. Sonhadora incansável, Martina imagina um futuro em que o turismo seja sustentável e regenerativo.