Ciao a tutti! Ou melhor dizendo... Olá a todos!
Quem sou eu? Bem, o meu nome é Martina e sou voluntária na Associação Rota Vicentina.
Sou italiana e nasci em 1998 numa pequena cidade da província de Bergamo. Sou filha de uma mãe sarda e de um pai de veneto. Essas origens sempre me levaram a ter uma visão mais aberta de fronteiras, observar o mundo e as pessoas que o habitam com muita curiosidade. Formei-me em Ciências da Comunicação na Universidade de Turim, cidade que tem sido a minha casa nos últimos três anos.
As minhas três maiores paixões são a natureza, a música e a etnografia.
Desde que me lembro, era muito importante para o meu pai que eu passasse algum tempo de qualidade em contato com a natureza, a brincar com flores e a respirar ar puro. Felizmente, sempre morámos perto de montanhas, então era fácil para nós fazer caminhadas e chegar perto de alguns chalés lá no alto.
A música sempre foi uma querida companheira de vida para mim: quando era mais pequena, já tinha a minha própria coleção de CD’s. Hoje em dia, crio playlists no Spotify para cada lugar que vou. Eu realmente acredito que cada fase da vida tem seu “mood” único, e há algo maravilhoso em reviver esses momentos através da música.
Também mencionei etnografia porque adoro aprender sobre as culturas que caracterizam diferentes territórios, procurando tanto os pontos comuns que nos conectam quanto a singularidade de cada povo. Entender a sua evolução ao longo dos séculos é algo que me fascina. Adoro conversar com pessoas mais velhas, afinal elas são uma preciosa fonte de sabedoria a ser preservada, são pilares fundamentais de nossa sociedade.
Caminhando pela Rota Vicentina
Foi durante minha primeira caminhada de 4 dias ao longo do Caminho Histórico e do Trilho dos Pescadores que vivi a energia dessas conexões pela primeira vez.
Eu e a minha colega francesa, Nina, começamos nossa aventura na manhã de 25 de outubro, partindo da vila de Odemira, onde vivemos atualmente. Caminhámos por 19 km no interior do Alentejo, até à vila de S. Teotónio.
Nos dias seguintes seguimos em direção à costa e caminhámos pelo Trilho dos Pescadores, passando pelas localidades de Cavaleiro, Almograve e Vila Nova de Milfontes. No último dia, voltamos ao Caminho Histórico passando por Cercal do Alentejo e terminando em S. Luís.
Os caminhos do interior são menos conhecidos e, para mim, também os mais autênticos. Os únicos encontros que tivemos no caminho foram com animais selvagens (mas amigáveis!), pequenos agricultores portugueses sempre prontos para cumprimentar calorosamente, ou pessoas que escolheram deixar a agitação da cidade para viver mais perto da natureza.
Nesses lugares, eu entendi verdadeiramente a definição de “caminhante”. Ainda me lembro das duas mulheres que encontrámos ao longo do caminho, que, intrigadas pelo som dos nossos passos, se aproximaram para conversar um pouco. Em menos de 10 minutos, elas contaram-nos sobre sua história de vida. Não é sobre caminhar, é sobre tudo o que se encontra ao longo do caminho!
Parceiros oficiais da Rota Vicentina
Durante a nossa caminhada queríamos experimentar a Rota Vicentina da forma mais autêntica possível, e para alcançar isso, um de nossos principais objetivos foi conhecer o máximo possível de parceiros oficiais da Associação. Eles foram a nossa primeira escolha quando procurámos onde dormir ou comer ao longo do caminho.
O que todos eles têm em comum, na minha opinião, é a paixão com que trabalham. Nenhum deles se limitou ao acolhimento básico, muito pelo contrário! Assim que nos receberam, compartilharam o profundo amor pela terra, expressando como dela cuidam e zelam, todos os dias.
Se eu tivesse que descrever com uma palavra os sentimentos que experimentei durante estes quatro dias, usaria a palavra “acolhedor”. Conversar com os gerentes dos alojamentos onde ficámos, os funcionários, motoristas, etc., foi uma verdadeira inspiração! Sem eles, a Rota Vicentina não seria a mesma.
Gostaria especialmente de agradecer às pessoas maravilhosas com quem me cruzei ao longo desta primeira experiência na Rota Vicentina.
Começando pela Fátima Viegas, proprietária do Táxi Cantina, que nos ofereceu uma boleia de S. Teotónio para o nosso primeiro alojamento ao longo da Costa Alentejana. Extremamente profissional e com uma energia contagiante! No caminho, ela fez um desvio para que assistíssemos a um belo pôr do sol na Zambujeira do Mar e para nos mostrar a aldeia de pescadores mais ao norte chamada “Porto das Barcas”.
À Herdade do Touril agradeço a maravilhosa estadia que nos deram. O Luís recebeu-nos de braços abertos, guiando-nos numa visita por toda a herdade, explicando de onde veio a ideia de criar este espaço e o baixo impacto que tem na natureza. Tudo aqui segue os princípios da sustentabilidade: desde a construção das casas usando a taipa, um método tradicional do Alentejo, que mantém uma temperatura ideal tanto no verão quanto no inverno, até a água na piscina purificada com sal, aos produtos locais servidos nas refeições. Ao jantar, deliciamo-nos no restaurante da Herdade com pratos típicos da região: vinho e pão alentejanos, frutas e vegetais locais e peixe fresco ali da costa. Um verdadeiro sonho! Um dos pontos fortes da Herdade do Touril está no fato de estarem a apenas um saltinho do mar. A apenas 900 metros da recepção, existe a paradisíaca Praia do Tonel e também o Trilho dos Pescadores. Um local imperdível se estiverem a caminhar por aqui.
Agradeço também ao restaurante Rocamar, no Cavaleiro, logo após Cabo Sardão, onde comemos um polvo excelente “à alentejana”.
Obrigada ainda à Nádia do Almograve Beach Hostel, que reservou para nós um quarto muito aconchegante no centro de Almograve. Foi mágico encontrar outros caminhantes da Rota Vicentina. Na entrada havia até uma fileira arrumada de sapatos de trekking, cada um com a sua história para contar.
No mesmo dia, fomos convidadas pela senhora Ondina, para jantar no seu café em Almograve. Ela também administra o Snack-Bar Adélia no Cavaleiro, parceiro oficial da Rota Vicentina. Além de muitos caminhantes, aqui é possível encontrar, com uma cerveja e uma mão cheia de tremoços, o que mais importa nestas aventuras… as gentes da terra.
E, finalmente, obrigada ao Turismo Rural Três Marias, que nos acolheu durante nossa última noite. Foi um prazer conhecer o Diogo e ser inspirada pela paixão que ele coloca no seu trabalho. Aqui, na Ribeira da Azenha, a norte de Vila Nova de Milfontes, o tempo parece parar e a natureza é a principal protagonista, envolvendo cada canto do lugar. No jantar com pratos locais, havia uma vibe mágica a pairar no ar. Desfrutamos de um vinho alentejano excepcional, cercados por sorrisos de caras novas e familiares que voltam todos os anos. Tudo maravilhoso!
Para concluir a nossa jornada, deram-nos um delicioso lanche e uma boleia para Cercal do Alentejo com o seu serviço próprio de transporte. Se quiserem experimentar o charme da “vida lenta” (slow living), certifiquem-se de passar por aqui!
Sigam as minhas próximas aventuras na Rota Vicentina no novo Tik Tok da Rota Vicentina. Despeço-me por aqui… até já!
@rotavicentina Primi passi di @Martina Tosi sulla #RotaVicentina ♬ Aesthetic - Tollan Kim
Martina nasceu em Itália em 1998. Terminou os seus estudos em Ciências da Comunicação e, como uma incansável sonhadora, ainda está à procura do seu caminho. Uma coisa é certa: a sua paixão pela natureza e pela etnografia foram sempre as suas fiéis companheiras de viagem. Desde outubro de 2023, é voluntária de longa duração […]