O que aprendemos na Semana sobre Espécies Invasoras?

Mais uma Semana sobre Espécies Invasoras na qual a Rota Vicentina participou! Desta vez organizamos três actividades, sobre espécies invasoras e os seus impactos nos nossos ecossistemas, destinadas à comunidade local e escolas.

A Semana sobre Espécies Invasoras (SEI), aconteceu entre os dias 13 e 21 de Maio, e é uma iniciativa promovida por organizações como a Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras – Rede InvECO -, pela plataforma Invasoras.pt e projectos como LIFE Stop Cortaderia, LIFE Invasaqua e Grupo Especialista en Invasiones Biológicas – GEIB -, que envolvem outras organizações e entidades ao nível ibérico na realização de um extenso programa de actividades sobre controlo de espécies de plantas ou animais invasores.

No território do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, a biodiversidade sofre várias ameaças. Uma delas são as espécies invasoras, que se propagam agressivamente no meio e descaracterizam as nossas paisagens.

Estando consciente do que esta ameaça representa para o território, a Associação Rota Vicentina alia-se a iniciativas como a SEI, promovendo actividades sobre este tema.

Nessa semana dedicada à sensibilização sobre espécies invasoras, organizamos as seguintes actividades:

Trichi – diminutivo para Trichilogaster acaciaelongifolieae – é o nome de uma pequena vespa, do tamanho da mosca-da-fruta, que se alimenta unicamente da acácia-de-espigas (Acacia longifolia) e ajuda no controlo da dispersão desta espécie. 

O ponto de encontro desta actividade foi na área-piloto dos Alteirinhos. Contámos com a sabedoria da Bióloga e Professora Paula Canha, que transmitiu o seu conhecimento sobre as Galhas de Trichi. 

Além do conhecimento teórico, foi também uma oportunidade para passar à acção! Com a ajuda preciosa de 10 voluntários, instalámos galhas junto de um grande núcleo de acácias que se encontra próximo da linha de costa, nos Alteirinhos. O objectivo é promover novos focos de dispersão deste insecto especializado para controlar a expansão da acácia-de-espigas que avança vorazmente sobre as dunas.

Para encerrar a actividade, caminhámos até à faixa de acacial para aprender algumas técnicas de controlo de invasoras, como o arranque manual, o descasque de acácias e as boas práticas e cuidados a ter. 

Apesar de agora contarmos com a ajuda da vespa nos Alteirinhos, as intervenções com outras técnicas de controlo serão sempre necessárias, pois esta vespa alimenta-se apenas da acácia-de-espigas, sendo que estão presentes aí outras espécies invasoras. Além disso, nesta área existem várias espécies de plantas ameaçadas de extinção, tornando-se ainda mais prioritária a necessidade de intervir de forma eficaz e rápida.

No dia 14, regressámos às área-piloto dos Alteirinhos, desta vez com parte da equipa da Associação Rewilding Sudoeste (RWSW), para uma caminhada interpretativa neste lugar especial.

No final de tarde de Domingo, caminhámos pelos matos de zimbro-galego, ou Juniperus navicularis, uma planta que se encontra ameaçada de extinção e está distribuída em algumas manchas ao longo da costa sudoeste.

A existência deste habitat foi a razão pela qual a área-piloto dos Alteirinhos foi escolhida como lugar para controlo de invasoras da Rota Vicentina e também foi o motivo pelo qual a Associação Rewilding se juntou a nós nesta actividade.

A Associação RWSW está actualmente a trabalhar directamente sobre a conservação deste habitat – pelo no projecto Zimbral for LIFE – e juntaram-se a nós para conhecer mais uma área onde esta espécie existe de forma relativamente extensa e bem preservada.

Nesta caminhada interpretativa, demos a conhecer a área-piloto, bem como a estratégia e intervenções que temos vindo a realizar desde o projecto LIFE Volunteer Escapes.

Cada vez que lá regressamos, o lugar está diferente e há sempre coisas novas para descobrir, plantas diferentes a florir ou a frutificar, novos rastos de seres vivos, uma luz, aroma ou cores diferentes. Afinal, a paisagem está sempre em constante mudança!

A última actividade que realizámos foi na Escola Básica de Odemira, no dia 15 de Maio. Nesta actividade fomos recebidos por uma simpática turma de 1º ciclo que rapidamente se envolveu nos jogos propostos para conhecer as plantas invasoras.
Estes pequenos investigadores atentos reconheceram facilmente muitas das plantas apresentadas e os locais onde as encontram com frequência.
Além de divertidos, os mais novos são fortes aliados na sensibilização para estes temas relacionados com a conservação da natureza, sendo sempre gratificante para a equipa da Associação Rota Vicentina fazer actividades com eles.

No fim destes dias, fizemos as contas: foram envolvidas cerca de 30 pessoas nestas actividades promovidas pela Rota Vicentina.

E para o ano haverá mais!